terça-feira, 25 de agosto de 2009

Entre panos e poesia.


E existiria apenas uma trilha?Ao acaso. Dos detalhes que fui feita. E daqueles que me faltam. Dos versos de quem versejou, dou um adeus à vida vazia. Dou um aperto de mão no acaso, mas não é isso que quero. Quero mesmo é você, moço. Sou uma moça contida. Passo a minha língua da sua. Ofereço-lhe meus lábios. Minhas coxas e meu ser, porém não esqueça: Sou contida! Moço, quero lhe oferecer... Alguns traços da minha vida, dos meus passos. E, daquele músculo involuntário. Só devolva as minhas roupas! Porque sou contida.

[...]

[Ela entre as vestes.]


Sim, és contida. No meu ser. Não deixo dúvidas em ti. Se posso algo lhe oferecer, que não seja em compensação, ofereço minha vontade, minha falta de pudor, um gole de amor, e algumas taças quentes de coisas nossas. Se vieres a mim, nem batas na porta, não pense que me surpreenderás. Já estarei te esperando. Com tuas roupas e as minhas. Com teu ser e o meu. Enlaçados. Se eu pudesse escrever uma história infinita traduziria a nossa e arrancaria todas as páginas restantes como nossas roupas. E leria-nos apenas os poetas em algumas linhas poucas. Suficientemente infinitas para bons entendedores, e moças contidas.

[...]

[Ele autografou.]

sábado, 8 de agosto de 2009

Ainda quer falar à flor?

Imagem: Thresca.

Ela pensava:

-Eu queria ainda ser a flor. Girassol. Copo de leite. Violeta. Desse jeito, não estaria agora na ansiedade de escrever-te. Não necessitaria de versos, rimas, olhares, e vergonhas. Ser uma flor, assim, bastaria. De cheiros e cores para ti. Somente. Ao amanhecer, aberta à tua espera. De jardim a jardim. Até descobrir-te. E redescobriria a essência de um novo amor. E que o vento fosse capaz de cuidar...Com carinho. E assim, daria frutos, versos e música .Traria alguns cheiros de volta e nossas cores. E caules feitos de poesia. O único espinho: A distância. Uma flor para ti. Em forma de pessoa. A minha melhor parte.


E ele de lá:

-Eu queria ser apenas o terreno pra tudo isso. Deitado, espatifado. De rosto pra cima sob teus cuidados. De braços abertos e descalço. E repleto de felicidade. Não, não sou eu quem diz ou pede bis. Nega ou prega o amor. Vaia ou qualquer coisa que não o valha. Não sou eu quem rejeita ou quem desmente. Eu, em minha desfavorável categoria de chuva, apenas gosto de molhar o jardim. Sentir o cheiro das tuas cores. E lembrar das nossas. E dos pudores, aquilatando sabores. Da falta disso de todo o resquício. Me faz gostar de sentir tudo outra vez. Só pra massagear o amor. E parafrasear qualquer coisa, deitado ao lado da flor.