terça-feira, 15 de dezembro de 2009

[De]Lírio!

Sinto-te nos teus líquidos, na força dos teus pequenos olhos e na sensação que me provocas ao provocar-me. Sinto-te em tuas mãos macias, teus cabelos desordenados de suor, tua isca, tua sede, o labirinto do teu coração, tua respiração ofegante, teus sussurros. Sinto-te em ponto de ebulição, fusão de nós, tatuados entre lábios e desejos, frio e calor, risos e primavera. Sinto-te resvalando entre meus dedos, em suor e calafrios, aroma de flores, em pele de gente grande. Sinto-te na boca que rouba teu sabor, nas peles que deslizam, nos lábios volúveis por fendas úmidas e se extasiam ao teor que vem do íntimo de dois corpos, entre flores e fragilidades. Sinto-me de longe suavemente regada por ti. [ Ela, em sonho...]

Imagem : Shana_ Arielle
Frágeis são meus esboços e rascunhos de sensações. Colo-me em tela de vidro fino. Vitral, cristalina vitalidade colorida de mosaicos temperados de vários tons e de pequenos timbres. Fidedignamente, sinto: recinto, formas e arranjos de flores em cestos em sala ensaiada com devera cumplicidade. Severa felicidade. Costumeiro tato não linear do langoroso coração. Inquietude. Tu, de pecúlio principal ao meu agora eterno jeito de desejar, de degustar do amor na cama e na viola. No lamúrio do poema. E daquele poeta. E daquela moça. E de todo o cenário. E todo o fracasso. Da tentativa de sentir o resto, sem sentir o gole do teu corpo. [ Ele, na verdade...]

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Far away

Imagem :by_Celinemesis

"A kilometros de distância do teu corpo.
Fazer-te vir à memória é viajar em ti.
Na fenda de um beijo
Que estreita meus dias."
E meu coração." Ela rasbicou um bilhete.

Enquanto ele: "No vão da memória,
A milímetros da tua boca,
me perco para sempre.
E nas doses licorosas de encontros
no caminho de nossas poesias."

sábado, 19 de setembro de 2009

Salvador, daqui.

Imagem: Salvador Dali
A obra dele:

-Uma vaga–
[Eu, aderência facultativa aos pincéis que contornam o róseo-vermelho da literatura]
Desleixo, da exata ternura.
Feita ao lado teu, tua.
Um espaço reservado pra ti
Figurado nas palavras
Nomeado de maestria
A coexistência:
Da flor.

O simbolismo dela:

-Uma lembrança –
[Você, descansando na minha tela com uma pele de aquarela e sorriso de moldura]
Saio do eixo, entro na pintura.
Deito ao lado, seu.
E assim ficamos por horas.
Retratados nesse vai e vem
Chamado de poesia.
Disfarçado de amor.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Entre panos e poesia.


E existiria apenas uma trilha?Ao acaso. Dos detalhes que fui feita. E daqueles que me faltam. Dos versos de quem versejou, dou um adeus à vida vazia. Dou um aperto de mão no acaso, mas não é isso que quero. Quero mesmo é você, moço. Sou uma moça contida. Passo a minha língua da sua. Ofereço-lhe meus lábios. Minhas coxas e meu ser, porém não esqueça: Sou contida! Moço, quero lhe oferecer... Alguns traços da minha vida, dos meus passos. E, daquele músculo involuntário. Só devolva as minhas roupas! Porque sou contida.

[...]

[Ela entre as vestes.]


Sim, és contida. No meu ser. Não deixo dúvidas em ti. Se posso algo lhe oferecer, que não seja em compensação, ofereço minha vontade, minha falta de pudor, um gole de amor, e algumas taças quentes de coisas nossas. Se vieres a mim, nem batas na porta, não pense que me surpreenderás. Já estarei te esperando. Com tuas roupas e as minhas. Com teu ser e o meu. Enlaçados. Se eu pudesse escrever uma história infinita traduziria a nossa e arrancaria todas as páginas restantes como nossas roupas. E leria-nos apenas os poetas em algumas linhas poucas. Suficientemente infinitas para bons entendedores, e moças contidas.

[...]

[Ele autografou.]

sábado, 8 de agosto de 2009

Ainda quer falar à flor?

Imagem: Thresca.

Ela pensava:

-Eu queria ainda ser a flor. Girassol. Copo de leite. Violeta. Desse jeito, não estaria agora na ansiedade de escrever-te. Não necessitaria de versos, rimas, olhares, e vergonhas. Ser uma flor, assim, bastaria. De cheiros e cores para ti. Somente. Ao amanhecer, aberta à tua espera. De jardim a jardim. Até descobrir-te. E redescobriria a essência de um novo amor. E que o vento fosse capaz de cuidar...Com carinho. E assim, daria frutos, versos e música .Traria alguns cheiros de volta e nossas cores. E caules feitos de poesia. O único espinho: A distância. Uma flor para ti. Em forma de pessoa. A minha melhor parte.


E ele de lá:

-Eu queria ser apenas o terreno pra tudo isso. Deitado, espatifado. De rosto pra cima sob teus cuidados. De braços abertos e descalço. E repleto de felicidade. Não, não sou eu quem diz ou pede bis. Nega ou prega o amor. Vaia ou qualquer coisa que não o valha. Não sou eu quem rejeita ou quem desmente. Eu, em minha desfavorável categoria de chuva, apenas gosto de molhar o jardim. Sentir o cheiro das tuas cores. E lembrar das nossas. E dos pudores, aquilatando sabores. Da falta disso de todo o resquício. Me faz gostar de sentir tudo outra vez. Só pra massagear o amor. E parafrasear qualquer coisa, deitado ao lado da flor.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Aguo-te boca


[Por ele]

Uma enorme fulgurante às avessas
Dor que ludicamente arrepia
Ilustrando uma forte aventura
Saudades em cada ponto sensorial
Que fazem cócegas
Que dá vontade de ir buscar pra trazer comigo
Pra contigo esconder
Embaixo de papéis de cobertores
Numa tarde de coisa nenhuma pra se fazer
Pra quem cegamente nos lê.
Vontade de girar, e fazer rodar
Pra cair tudo em cima de mim, junto de ti
E dos abraços e
do que falo:
Uma mordida leve no lábio inferior
Pertencente a mim
De um beijo nada fatigado
Que me deixou te olhando com vontade
De recém-instigado
A viver mais, caído esborrachado
No chão que vislumbra o teu teto
Da tua boca que vi.


Salivo um sabor aquilatado por ti.



[Por ela]

Ai!

Sinal de calafrios novamente
Delineio teu andar eterno em busca de mim.
Ensino-te a não ficares somente no papel
Necessito sentir-te depois do temporal
Muitos dias assim, declaro-te
Se a saudade de ti ainda não me destruiu
É porque esse sentimento será reedificado
Com andares altos para que possamos olhar para o céu,de perto.
Sentir estrelas, no céu da tua boca
Um gosto de céu nos meus lábios
Rastos de vontade
Aroma de quadro de pintura com luar
És infinito.
Tens cor, paladar...
Uma fenda, uma direção, uma demora
O encanto, girassol, uma rede na varanda
Nossos braços, dados.
E os olhos pegando no sono
Depois do encontro dos nossos lábios
Espero por nós dois
Amor feito de peças de quebra-cabeça
Olho para o céu.
Ele está sorrindo...
Embalado pela dança dos nossos corpos
Essa noite está silenciosa, por hora.
Sem acordes...
Mas todos podem ouvir o suspirar desse desejo
Sabor, cor e tom
A tua falta que o sonho ancorou.
Pintando as nossas lembraças
No mar desse amor.





Renan Moreira e Juliana Porto


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Penúltima Declaração de Amor


[Eis o que ela versava enquanto ele ensejava ao espelho]

Logo eu que assinei esse amor por toda a minha vida.
E mesmo que eu desejasse, não conseguiria tirar-te de mim
Porque cada manhã, cada céu azul faz-me lembrar da tua alma.
Um soprar leve na minha nuca, com gosto da tua boca.

Ausência que faz voltar à memória cada conto nosso.
De satisfações, sabor picante e dedicação.
De casas de vidro, com as janelas abertas e vista para utopia.
De uma paixão eterna, sem fantasias.

E mesmo se enlouquecesse, e conseguisse tirar-te de mim
Eu não viveria.
Demitindo uma vida inteira de felicidade.
Pele vazia de amor, versos, músicas e verdade.

Se por acaso eu tivesse que tirar-te de mim...
Não sobraria mais em mim versos.
Vontade de escrever.
E minha pele, ainda sua, não cantaria sem você.



[E o que ele musicou, enquanto ela espelhava o tom]

Pois eu assino aqui : ___________________

Sou egoísta e prometo não retirar-te de mim
Pois a canção que tocas em minha pele
Nem existe partitura
És minha. E se quiser sempre será tua.

Mas bato o pé firme no chão.
Daqui você não sai.

A menos que assuma essa sua vontade
Mesmo assim, te conduzirei até a porta
E te tatuarei na pele em forma de pauta

Depois disso, se eu ainda te esquecer,
Quero me esquecer junto.
Porque desejo ficar esquecido junto de ti.
E se o desejo não mirasse o tempo
Casava-te agora, com meu óbvio sentimento.



de Juliana Porto e Renan Moreira